fonte www.kantiz.com.br
Isto é
um teste de personalidade que poderá alterar a sua vida. Portanto, preste
muita atenção.
Iniciativa é a capacidade que todos nós temos de
criar, iniciar projetos e conceber novas ideias.
Algumas pessoas têm muita iniciativa e outras têm pouca.
Acabativa é um neologismo que significa a capacidade
que algumas pessoas possuem de terminar aquilo que iniciaram ou concluir o que
outros começaram. É a capacidade de colocar em prática uma ideia e levá-la até
o fim.
Os
seres humanos podem ser divididos em três grupos, dependendo do grau de iniciativa e acabativa de
cada um: os empreendedores,
os iniciativos e
os acabativos -
sem contar os burocratas.
* Empreendedores são
aqueles que têm iniciativa e acabativa. Um seleto
grupo que não se contenta em ficar na ideia e vai a campo implantá-la.
* Iniciativos são
criativos, têm mil ideias, mas abominam a rotina necessária para colocá-las em
prática. São filósofos, cientistas, professores, intelectuais e a maioria dos
economistas. São famosas as histórias de economistas que nunca assinaram uma
promissória. Acabativa é
o ponto fraco desse grupo.
* Acabativos são
aqueles que gostam de implantar projetos. Sua atenção vai mais para o detalhe
do que para a teoria. Não se preocupam com o imenso tédio da repetição do
dia-a-dia e não desanimam com as inúmeras frustrações da implantação. Nesse
grupo está a maioria dos executivos, empresários, administradores e
engenheiros.
Essa
singela classificação explica muitas das contradições do mundo moderno.
Empresários
descobrem rapidamente que ficar implantando suas próprias ideias é coisa de
empreendedor egoísta. Limita o crescimento. Existem mais pessoas com excelentes
ideias do que pessoas capazes de implantá-las. É por isso que empresários ficam
ricos e intelectuais, professores - entre os quais me incluo - morrem pobres.
Se Bill
Gates tivesse se restringido a implantar suas próprias ideias teria
parado no Basic. Ele fez fortuna porque foi hábil em implantar as ideias dos
outros - dizem as más línguas que até copiou algumas.
Essa
classificação explica porque intelectual normalmente odeia empresário, e
vice-versa. Há uma enorme injustiça na medida em que os lucros fluem para quem
implantou uma ideia, e não para quem a teve. Uma ideia somente no papel é letra
morta, inútil para a sociedade como um todo.
Um dos
problemas do Brasil é justamente a eterna predominância, em cargos de
ministérios, de professores brilhantes e com iniciativa, mas com pouca ou nenhuma acabativa. Para o Brasil
começar a dar certo, precisamos procurar valorizar mais os brasileiros com a
capacidade de implantar nossas ideias. Tendemos a encarar o acabativo, o
administrador, o executivo, o empresário como sendo parte do problema, quando
na realidade eles são parte da solução.
Iniciativo almeja
ser famoso, acabativo quer ser útil.
Mas a verdade é que a maioria dos intelectuais e iniciativos não
tem o estômago para devotar uma vida inteira para fazer dia após dia, digamos
bicicletas. Oiniciativo vive mudando, testando, procurando coisas
novas, e acaba tendo uma vida muito mais rica, mesmo que seja menos rentável.
Por isso, a esquerda intelectual e a direita
neoliberal conviverão as turras, quando deveriam unir-se.
Se você tem iniciativa mas não tem acabativa,
faça correndo um curso de administração ou tenha como sócio um acabativo. Há
um ditado chinês, "Quem sabe e não faz, no fundo, não sabe" - muito
apropriado para os dias de hoje.
Se você tem acabativa mas não tem iniciativa, faça
um curso de criatividade, estude um pouco de teoria. Empresário que se
vangloria de nunca ter estudado não serve de modelo. No fundo, a esquerda
precisa da acabativa da direita, e a direita precisa
das iniciativas da esquerda. Finalmente, se você não
tem iniciativanem tampouco acabativa, só podemos
lhe dizer uma coisa: meus pêsames.
Stephen Kanitz é administrador por Harvard (www.kanitz.com.br)
Editora Abril, Revista Veja, edição 1572, ano 31, nº 45, 11
de novembro de 1998, página 22
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